Entenda as diferenças entre o sabonete convencional, sabonete de glicerina e sabonete natural

Entenda as diferenças entre o sabonete convencional, sabonete de glicerina e sabonete natural

Quais são as diferenças entre os sabonetes convencionais e sabonetes artesanais? E os sabonetes de glicerina, são realmente bons para a pele? Por que sabonete natural (de verdade) é tão mais caro?

Essas são algumas dúvidas que ouvimos por aí com frequência em relação aos sabonetes. Para responder a essas perguntas, vou explicar com detalhes as principais características dos tipos de sabonete disponíveis para compra hoje, incluindo o processo de fabricação, sua composição e como atuam na nossa pele.

O sabonete convencional

Podemos pensar que saímos ganhando quando economizamos dinheiro comprando um sabonete comum no supermercado, gastando apenas R$ 1,99. Mas aqui, vale a pena se questionar: como um produto que passamos na pele pode ser tão barato?

A verdade é que o que se compra no supermercado não é exatamente um sabonete, é um “detergente sintético”, geralmente feito à base de sebo animal, sem a preciosa glicerina, que foi retirada para ser vendida para a indústria cosmética, alimentícia, química ou farmacêutica. O que sobra é uma massa sem a parte hidratante, onde se acrescenta fragrância e corantes sintéticos, além dos conservantes como os parabenos.

O sabonete comercial é ótimo para lavar louça e roupas, mas não para a sua pele. Culpa do fabricante de sabonete? Não. O sebo animal não custa quase nada, às vezes é de graça, por ser um subproduto da indústria da carne. Misturado com água e soda cáustica, produz glicerina, um liquido âmbar brilhante, rico, muito precioso para a indústria química.

Esse sabonete retira toda a proteção da sua pele, deixando-a aberta a bactérias e micróbios, causa coceira, alergia, dermatite, descamações… Usar esse tipo de sabonete pode até parecer barato à primeira vista, mas a pequena fortuna gasta com cremes, dermatologista, mais cremes dermatológicos também tem que entrar nessa mesma conta.

Sabonete de glicerina

Ainda na gôndola do supermercado, temos outra opção, os sabonetes de glicerina. Resultado de uma grande evolução da indústria química, o sabonete de glicerina possui transparência, que é provocada por uma espécie de suspensão do estado líquido. Alguns componentes da massa do sabonete de glicerina, como açúcar, glicerina e álcool, agem como retardadores de cristalização. Desse modo, o sabonete esfria e endurece, sem perder a transparência. Por esse motivo, o sabonete de glicerina é considerado um produto nobre, e de boa qualidade.

O sabonete de glicerina é excelente para a pele, se não for acrescido de conservantes sintéticos como BHT (potencial carcinogênico), e outros ingredientes como propilenoglicol (pode causar alergias e irritações na pele), corantes e essências sintéticas. Infelizmente, esse não é o caso dos sabonetes de glicerina das grandes marcas. Ainda assim, é uma escolha melhor do que outros sabonetes comerciais, pois é acrescido de glicerina, e normalmente tem base 100% vegetal (usa-se óleo de palma no lugar do sebo animal).

Sabonetes naturais e artesanais

Os sabonetes artesanais, por sua vez, são feitos a partir da reação química entre gordura e soda cáustica (ou potassa cáustica, no caso do sabonete líquido), resultando em sabão e glicerina. A glicerina é naturalmente formada no processo de saponificação, e por isso, não precisa ser adicionada. Se a reação foi bem feita, bem calculada, no final a soda cáustica desaparece. O sabão formado limpa a pele, enquanto a glicerina a mantém hidratada. A gordura utilizada é uma mistura de manteigas vegetais e óleos nobres, como óleo de oliva, palma, coco babaçu, palmiste, manteiga de karité, buriti, óleo de abacate, de neem… As possibilidades são infinitas. O sabão artesanal, além da glicerina, leva ainda uma dose extra dessas manteigas ou óleos para aumentar o efeito hidratante da sua pele. Não é acrescido nenhum conservante, corante ou essência sintética (sempre ler os ingredientes!).

Para colorir esses sabonetes, usa-se ingredientes como argilas, carvão vegetal, especiarias em pó como páprica, canela, cravo, cacau, cúrcuma, flores como calêndula, açaí em pó… Esses ingredientes não trazem apenas cor, como também muitas vitaminas e nutrientes para a pele. Para aromatizar, utiliza-se os óleos essenciais, substâncias aromáticas extraídas das plantas. O óleo essencial pode ser considerado a energia vital da planta, e por isso, tem poderes terapêuticos sobre o corpo físico, mental e emocional. Seu aroma no sabonete, portanto, provoca bem estar físico e psicológico.

Por fim, esse sabonete, por ser rico em óleos em manteigas vegetais, necessita de um antioxidante para evitar que o produto oxide rapidamente. Para isso, usa-se a vitamina E pura e/ou a oleoresina de alecrim, que além de aumentarem o tempo de prateleira do produto, contribuem para deixar a pele radiante e renovada.

A diferença entre esses tipos de sabonete está, portanto, no cuidado da escolha de cada ingrediente de sua composição. Se a pessoa, ou a empresa, tem o cuidado de selecionar apenas ingredientes verdadeiros, sem o objetivo de baratear a produção ou de atingir determinada cor ou consistência para o produto, o resultado será um sabonete verdadeiramente benéfico para a pele, que deixará a nossa pele sedosa e macia, sem a necessidade de usar hidratantes caríssimos. Mais que isso, o produto não causará problemas para a nossa saúde e não poluirá o meio ambiente com substâncias que não existem na natureza. Talvez seja um produto mais caro à primeira vista, mas nossa pele, nossa saúde e a natureza não terão que pagar por isso.

 

Referências

Apostila “Princípios Básicos da Saboaria Natural”, por Beth Bacchini. Disponível em: www.santosabao.com.br

Apostila “Saponificação a Quente e Sabão Transparente”, por Beth Bacchini. Disponível em: www.santosabao.com.br

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